Orixá
Obà
A
guerreira de Elekô
Obà
da África para o Brasil
"Esta explanação é sobre a visão de quem é a Orixá Obà como é chamada no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"
Na
áfrica Obà ou Obàsìy seu nome Yorubá, é uma divindade do rio Obà, um dos braços
do rio Níger, foi esposa de Ogum Onira, mas ganhou sua fama após ser a terceira
esposa de Xangô Agodô.
Ela
seria nos dias de hoje uma fisiculturista mulher, pois era energética e
fisicamente mais forte que um homem, assim ela seria musculosa como um homem.
Ela foi uma grande guerreira, sendo líder das mulheres e rainha de Elekô, tendo
vencido em batalha Oxalá, Xangô e Orunmilá, quando desafiou Ogum, o mesmo
consultou Orunmilá para saber o que faria para vencer Obà, pois havia visto
seus duelos e sabia que sua derrota seria eminente. Assim Ogum preparou uma
pasta no pilão feita de milho e quiabo, e espelhou no chão onde Obà iria lutar,
na hora da luta Ogum fez com que Obá fosse até o local onde estava à pasta e
ali ela escorregou na mistura e caiu, Ogum se aproveitou do momento e a possui
ali mesmo contra a vontade dela. Ela é a guerreira que veste vermelho e branco,
usa espada, escudo, arco e flecha.
Depois
ela se apaixonou e se tornou mulher de Xangô com quem teve uma filha chamada
Àpàrà, sincretizado com Oxum no Brasil, mas logo uma rivalidade entre ela que
já estava velha e não se vestia direito e Oxum que era nova e elegante surgiu.
Como Xangô sempre foi muito guloso e comilão, Obà pretendia ganha-lo pela boca,
roubando o livro de receitas da Oxum, e com estas receitas fazia os manjares de
Xangô, isso causou grande irritação em Oxum, que decidiu pregar uma peça em
Obà, assim disse a Obà que a ensinaria a fazer o prato favorito de Xangô,
quando Obà chegou para ver o prato Oxum estava com um pano atado na cabeça
escondendo suas orelhas, e mostrou a Obà uma sopa onde boiavam dois cogumelos,
dizendo serem suas orelhas que colocou no Amalá para torná-lo especial para
Xangô, pois isso encantava o esposo delas. Xangô veio comeu tudo e se fartou,
pegou Oxum pelo braço e foi deitar-se com ela.
Na
outra semana Obà decidiu então fazer o prato de Xangô e fez tudo como Oxum
havia lhe indicado, cortou a orelha esquerda e a pôs na comida, Xangô ao ver a
orelha na sopa enfureceu-se e achou o prato repugnante, nisso Oxum retira o
pano e lhe mostra as orelhas intactas e ri de sua rival, uma intensa luta foi
travada entre elas, Xangô se enfureceu e fez um forte trovão romper o céu,
apavoradas as duas fugiram e se misturaram ao rio, transformando-se no rio Osun
e no rio Obà, até hoje estes braços do rio Níger onde se encontram possuem um
forte conflito, sendo seu encontro muito violento em decorrer da briga das duas
orixás que nunca se perdoaram.
Outra
lenda muito famosa na áfrica conta que o rei de Owu partiu para a guerra e o
rio Obà estava em seu período de cheia, ele prometeu a deusa Obà que se suas
águas baixassem ele daria de presente ao rio na volta da guerra uma Nkam, que
seriam coisas boas, porem a esposa do rei que era filha do rei Ibadan também se
chamava Nkam. Ao regressar da guerra o rei de Owu oferendou o rio com búzios,
bois, tecidos e muitas outras coisas, mas o rio negou tudo, e devolveu, Obà
queria Nkam a sua esposa, não havendo outro jeito o rei de Owu jogou sua mulher
no rio, assim as águas baixaram e o rei regressou a sua cidade, porem o rei
Ibadan tomou conhecimento do fato e indignado declarou guerra a Owu, vencendo e
expulsando todos os moradores do pais.
Ela
é a senhora da sociedade Elekô, uma sociedade que possui o culto a Egungun
muito forte, sendo também senhora da sociedade Lesse Orixá, esta sociedade é
muito restrita, apenas mulheres podem participar dos rituais, sendo que foi Obà
a fundadora desta sociedade de culto a ancestralidade feminina. Obà representa
as águas revoltas dos rios, as pororocas, águas fortes e quedas das águas, a
lama, o lodo e todas as enchentes, ela representa a transformação dos alimentos
através do cozimento, de cru para cozido, é dona da roda, muito energética e
forte, pois representa o masculino e o feminino através de sua força.
Ela
rege os relacionamentos que estão sendo estragados pelo ciúmes obsessivo, sendo
uma deusa da guerra, da luta e do amor verdadeiro, pois com Xangô ela aprendeu
amar e ser amada, sendo ela a dona de toda ancestralidade feminina, tudo que
envolve Obà é repleto de mistério, pois tem forte ligação com as Iyá Mi
Ósorongá sendo Obà uma Iyá Mi Egbé Abikú, pois ela é encarregada de trazer ao
mundo as crianças que nascem para ser um castigo para os pais, com isso dizemos
crianças deficientes ou com distúrbios mentais.
Ainda
em Nigéria até hoje ela é tida como uma Yabá velha, uma feiticeira poderosa
extremamente ligada a Nanã, que lidera todas as mulheres guerreiras, capaz de
solucionar todas as causas impossíveis, ainda ganha um papel de defensora dois
advogados que defendem o lado certo, protege e rege as viúvas, os órfãos, os
anciões e ajuda quem procura a encontrar os objetos perdidos.
Ela é filha de um
incesto entre Ogunté e Ajagunã (é pai de Ogunté, que se embebedou e violentou
Ogunté), cultuada como deusa da morte, dos eguns, de tudo que está oculto e dos
mistérios, sendo em áfrica a deusa da proteção feminina, dona de um caráter
apaixonado e corajoso, não teme a ninguém, para ela a guerra significa o
controle da natalidade, o limite da vida e da ecologia, ela é a própria guerra.
Segundo
conhecimentos antigos ela é a protetora das Oyás, tudo que se faz para Obá se
faz também para Oyá e vice versa, quando iniciamos uma filha de Obà nunca uma
filha de Oxum pode realizar obrigação junto, ainda pelo ciúmes obsessivo e
intuito de guerra que as filhas de Obá trazem, é sempre aconselhado pelos
sacerdotes antigos que se deixe a filha de Obà sobre os cuidados de Iemanjá ou
Oxalá, para acalmar sua ira e o seu ciúmes, pois ela seria um orixá que traz as
qualidades de (Xangô + Oxum)+(Oxalá + Iemanjá) = OBÀ, pois a junção dos quatro
orixás formam esta guerreira que possui atributos dos quatro deuses.
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