Esú na África
A origem de Esú, o primogênito do Genesis
O primeiro filho de Olodumaré
"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Esú, Exu ou Bará como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"
O primeiro Esú criado fora o Esú Yangui, criado a partir da pedra de laterita por Olodumaré para guardar o portal entre o Orún e o Ayiê, este foi o Esú responsável por Esú ser uma divindade da criação. Foi o Esú Yangui o Orixá dividido em mil e um Imoles, cada um sendo um Esú diferente desde então, atuando cada um em um campo diferente, este Esú Yangui é o único que usa branco ao invés do vermelho, pois faz parte da gêneses do mundo sendo considerado um orixá funfun.
Yangui encarnara na terra com o nome de Òsíjè, sendo um mensageiro divino que transmitia as mensagens dos deuses aos homens e vice-versa, dando inicio ao seu trabalho de mensageiro, foi Òsíjè quem colheu todas as lendas e levou para Orunmilá.
Quem é Esú?
E sua vinda ao Brasil
Considerado tanto um orixá quanto um Ebora de múltiplos e contraditórios aspectos, é difícil definir quem é Esú de forma exata. Tem suas qualidades e defeitos, mas é muito protetor, tendo todos seu Esú individual para proteger. Seu culto teve origem principalmente das cidades de Ketu, Ilesa conhecida também como Ijexá e Ondo (antigo estado oeste da Nigéria), teve seu culto difundido por toda áfrica, sendo que cada região possui seu Esú, pois ele supervisiona as atividades dos mercados dos reis, a exemplo em Oyó onde quem supervisiona o mercado é Esú Akessan. Também temos o Esú que no Brasil foi chamado de “Esú de Ifá”, mas não na áfrica onde foi rei da cidade de ketu, e é conhecido como Esú Alaketu, o esú considerado do dinheiro, pois antes de ser o rei de Ketu, Alaketu acompanhava Orunmilá em suas adivinhações, recebendo os pagamentos pelo jogo do Oráculo.
Quando o primeiro esú desceu ao Orún ele veio com um porrete na mão o qual se chama Ogò, um bastão com formato fálico, que tem a propriedade de transportá-lo em pouco tempo a centenas de quilômetros.
Ainda na áfrica Esú foi sincretizado com o diabo cristão pelos portugueses, vindo esse sincretismo ignorante mais tarde para o Brasil, esse sincretismo se dá ao fato de esú ser maquiavélico, segundo o dizer de esú, “eu sou bom para quem é bom comigo, eu sou mal para quem não sabe me reverenciar”, quando não é cultuado de forma correta gosta de suscitar discussões e disputas, provocar acidentes e calamidades, é um orixá muito astucioso, grosseiro, vaidoso e indecente, dando a ele a fama de diabo pelos primeiros missionários a irem para a áfrica. Mas se bem tratado, esú mostra apenas seu lado bom, sendo extremamente prestativo e fazendo o intermédio com os orixás e eboras no Orún. Vemos este lado perverso de Esú em duas lendas conhecidas em toda a áfrica:
A primeira lenda mostra o lado extremamente maquiavélico para quem não o oferenda como se deve.
Esú, sabedor de que uma rainha fora abandonada pelo esposo, procurou-a, entregou-lhe uma faca e ordenou-lhe que cortasse alguns fios da barba do rei, dizendo “traga- me esses fios de barba que lhe farei um amuleto que trará seu real marido de volta".
Mas Esú também procurou o filho do rei, e disse ao príncipe que o rei iria partir para uma guerra e pedia seu comparecimento à noite, ao palácio acompanhado dos seus guerreiros.
Finalmente, Esú foi ao rei e disse: “a rainha, magoada com sua frieza, deseja matá-lo para se vingar. Cuidado esta noite!
E a noite veio. O rei deitou-se, fingiu dormir e viu logo depois a rainha aproximar uma faca na sua garganta. Ela seguia as instruções do Esú, e queria apenas um fio da barba do rei, mas ele acreditou que a esposa deseja sua morte e ambos lutaram.
O príncipe que chegara ao palácio com seus guerreiros escutou os gritos e correu aos aposentos dos pais.
Chegando e vendo o rei com a faca na mão, pensou que ele queria matar sua mãe.
Por seu lado, o rei, ao ver o filho chegar com seus guerreiros, acreditou que eles desejavam matá-lo. Gritou socorro. Sua guarda acudiu e houve grande luta, o massacre foi generalizado.
Outra lenda conhecida fala sobre o dia que Esú passeava pelos campos, e dois amigos não reconheceram que ele era, e não fizeram saudações, irritado Esú semeou discórdia entre os dois amigos que estavam trabalhando em campos vizinhos. Ele colocou um boné vermelho de um lado e branco do outro e passou ao longo de um caminho que separava os dois campos. Ao fim de alguns instantes, um dos amigos fez alusão a um homem de boné vermelho; o outro retrucou que o boné era branco e o primeiro voltou a insistir, mantendo a sua afirmação; o segundo permaneceu firme na retificação. Como ambos eram de boa fé, apegavam-se a seus pontos de vista, sustentando-os com ardor e, logo depois, com cólera. Acabaram lutando corpo a corpo e mataram-se um ao outro.
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