sexta-feira, 31 de março de 2017



Orixá Xangô, Sàngó
O deus do trovão, senhor da justiça
Sàngó na África
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Xangô como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Xangô (senhor do trovão) na áfrica foi o terceiro Aláàfin Òyó, ou seja, “rei de Oyó”, é filho de Oraniã com Torosi, uma filha de Elempê (rei dos Tapás),, sendo que a partir de sua divinização passou a ser considerado filho de Yamassê (qualidade de Iemanjá no Brasil), Xangô cresceu em tapa, indo posteriormente morar na cidade de Kossô, onde não era aceito ou bem visto devido ao seu temperamento violento e imperioso, Xangô ficou magoado com a rejeição e resolveu castigar os habitantes de Kossô, usou seu Edum Ará (pedras sagradas), e castigou todo o reino com raios e trovões, logo toda a população caiu aos seus pés, clamando pelo rei de Kossô, ele aceitou a coroa e reinou muitos anos sobre Kossô sendo um rei justo e realizador de grandes obras, nunca mais tendo sido esquecido.
            Após algum tempo instalado em Kossô e após ter conquistado a confiança do povo, ele juntou seu povo e se dirigiu a Oyó, onde fundou um bairro de nome Kossô, onde recebeu o nome de Xangô Obà Kossô, Xangô rei de Kossô.
            Na época de seu regresso o rei de Oyó era seu irmão mais velho Dadá Ajaká, reinando por sete anos em Oyó, enquanto o irmão vivia exilado em Igboho, após Xangô deixou Oyó e Dadá voltou para seu trono, gerando vingança contra todos que fossem parentes de Xangô, guerreando contra os Tapás.
            Xangô é considerado na África como um orixá viril, atrevido, violento e justiceiro, sendo atribuído a ele castiga os mentirosos, ladrões, assassinos ou a qualquer que ande fora da linha justa.
            Seu principal símbolo é o Edum Ará, uma pedra raio, encontrada no fundo da terra onde um raio caiu, esta pedra deve permanecer dentro de um pilão, sendo que estas pedras contem o Axé do próprio Xangô, motivo de serem tão respeitadas e poderosas.
            O símbolo de Xangô é o machado de duas Lâminas (oxê), machado que o Aláàfin de Oyó usava em suas guerras e lutas por poder. Leva em sua mão um xerê, cabaça alongada que contem dentro os Edum Ará, hoje seus filhos utilizam esta cabaça com grãos ou pedras, relembrando o som do trovão, do qual Xangô é dono e produz.
            Xangô foi marido de Oyá, Oxum e Obà, sendo que ele foi um cliente do ferreiro Ògún, mas Xangô sempre foi elegante, trançava os cabelos como o de uma mulher tinha argolas nas orelhas, usava colares de contas, braceletes muitos belos de cobre. Xangô era muito cruel nunca levava prisioneiros em suas batalhas, sempre dizimava todos que entrassem em seu caminho. Um dia Xangô cansado da monotonia da corte em Oyó, foi até Ire, falar com Ogum seu ferreiro, ogum vivia com Oyá, ficou lá observando o trabalho de Ogum na forja, enquanto arriscava alguns olhares para Oyá, ela se encantou pela beleza e vaidade do deus do trovão, e fugiu com ele para Oyó, onde o saudavam pelo dizer “Kabiyesilê Xangô, Aláàfin Oyó Alayeluwa”, que significa “viva sua majestade Xangô, dono do palácio de Oyó e senhor da terra”.
            Xangô é irmão de Dadá Ajaká e de Obaluaiyê, sendo Xangô o deus do trovão e das doenças contagiosas, onde se revela seu parentesco com o Obaluaiyê, motivo pelo qual na África antes se realizar qualquer cerimônia para Xangô primeiro realiza-se uma oferenda para Obaluaiyê na véspera, em respeito ao mais velho dos irmãos. Sua saudação na África é Káwóó Kábiyèsi, “venham ver o rei”.

            No fundamento Nagô Xalú temos culto a duas qualidades de Xangô, sendo o novo que é sobrinho de Agodô, sendo ele o Xangô Agandjú e temos o Xangô Agodô que é o Xangô velho sendo ele o terceiro e mais importante rei de Oyó, ainda temos um terceiro que alguns Babalorixás Xalús cultuam, enquanto outros descordam da crença, que é o Xangô Agandjú de Ibejis, mas abrangerei sobre eles no capitulo Ibejis.

Agandjú, Xangô Agandjú
O deus do vulcão e do barro matriz



"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Agandjú, ou Xangô Aganjú como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Agora vamos entrar em um orixá de difícil compreensão e visões, pois na áfrica Agandjú esta longe de ser um Xangô, mas no Brasil ele é um Xangô, na áfrica Agandjú é mais velho que Xangô, mas também consegue ser mais novo, já no Brasil ele é um Xangô novo e também é um senhor do trovão.
            Como um orixá ele possui duas visões de entendimento sendo uma como humano outra como divindade.
            Agandjú é o orixá dos vulcões, da terra inculta, das cavernas e desertos, ele é um barqueiro divino, é uma divindade primordial, uma força que como o sol (o sol pertence a ele, e não há Oxalá como muitos dizem) é essencial para o crescimento, ele é um cultivador de civilizações, sendo ele o senhor do vulcão, que é a base sobre onde uma sociedade é construída. Agandjú esta associado à terra matriz, as montanhas e aos vulcões, sendo ele ainda da criação do mundo ele representa a terra firme, enquanto Olokun representa a água, ambos deram a luz ao filho Orungã que representa o ar.
            Este orixá em áfrica é considerado um defensor dos menos favorecidos, ele também fornece acesso ao reino do desconhecido, as profundezas de Olokun da qual o mundo fora criado, pois ele fornece acesso a todas as áreas que ainda não foram exploradas e estão inacessíveis ao homem, a ele recorrem os homens que necessitam entrar em áreas hostis como, por exemplo, deserto, cavernas, grutas, ártico, antártica, florestas fechadas, montanhas, grutas, minas entre outros locai de difícil acesso. Alias seu próprio nome significa isso Agan é “estéril” e djú é “deserto”, seria seu nome deserto estéril, ou simplificando algo inexplorável, desconhecido ao homem.
            Este orixá é o dono do pacto de harmonia, pois ele representa os raios solares, enquanto Olokun representa as águas salgadas e a deusa Oloxá representa as águas doces, dando assim o equilíbrio que mantém a terra de pé, assim como o equilíbrio da atmosfera do planeta.
            Mas vale saber que Agandjú encarnou na terra, sendo o terceiro orixá designado a vir a terra, porem ele veio sobre sua vontade como o 5° Aláàfin de Oyó, sendo ele filho de Dadá Ajaká com Yamassê, tendo ele também sido um grande desbravador que reinou em Ijexá com Oxum, ele teve em Oyó um reinado longo e prospero, onde domava animais selvagens, possuía um lindo leopardo de estimação no palácio,
            Ainda existem lendas que falam que Agandjú teria matado e comido a própria mãe quando encarnou na terra. Mas o que vale salientar aqui é que Agandjú é o deus do vulcão e das montanhas. Outro fato que muitos dizem ter Xangô Agodô e Agandjú encarnado na terra no ano de 1240 A.C., porem esta data remete a encarnação do sexto Aláàfin de Oyó, o sobrinho neto de Agodô.
            Logo Agandjú não é um Xangô, mas no Brasil ele foi incluso no culto de Xangô, com uma qualidade de Xangô novo, porem ele foi também o rei de Ijexá sendo ele o orixá que se casou com Oxum e se tornou rei.
            Ainda no Brasil, Agandjú é tido como um protetor dos lares, da harmonia conjugal, quando atua junto de Iemanjá sua legitima esposa, sendo ele filho mais novo de Oraniã. É considerado um orixá novo e muito agitado, sendo o guerreiro que lidera os exércitos de Ilorin, sendo ele destemido, energético e feiticeiro, seu ponto de atuação é a boca do vulcão, mas como não existem vulcões no Brasil a ele foram associadas às pedreiras onde recebe suas oferendas, é pó dono da balança e do equilíbrio do mundo, quem pesa o coração dos homens e descobre a verdadeira face por de trás da mascara, no Brasil por algum motivo o Alujá de Xangô foi associado a ele, motivo pelo qual foge ao nosso conhecimento perante a verdadeira áfrica, mas aqui ele é o dono do Alujá, dança em que muitos orixás dançam durante o batuque.

Agandjú reconhece Xangô como seu filho
Agandjú decide encarnar na terra
                Um dia Agandjú observava do Orún os acontecimentos na terra, e ele viu Xangô cair dentro de uma fogueira quando criança e não se queimar, isso chamou sua atenção, e desde então passou a observar de perto este homem que não se queimava.
            Um dia Agandjú foi observar o palácio onde prestavam culto a ele, e viu que Xangô dormia em sua esteira e comia suas oferendas, Agandjú revoltado fez uma grande fogueira e atirou Xangô dentro dela, este não sofria dano algum, neste momento Agandjú tomou Xangô e o levou até o mar onde pretendia afogá-lo, mas lá Conlá, uma qualidade de Iemanjá, saiu das águas e falou a Agandjú que ele trazia nos braços seu próprio filho para matar, Agandjú ficara encantado vendo seu filho neste momento assim apaixonou-se por Xangô, e o reconheceu como filho, decidindo que era chegadas à hora de passar novamente pela terra para ver como estavam às coisas mais de perto, e assim vinte anos após este ocorrido nasce Agandjú, filho de Dadá Ajaká.

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