sexta-feira, 31 de março de 2017


Orixá Orixalá
Obàtálá, Òrìsànlá, Oxalá

Obàtálá, a origem dos orixás funfun
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Oxalá como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Òrìsànlà (Orixalá) “O Grande Orixá” ou Obàtálá (Obatalá) “O Rei do Pano Branco”, são em áfrica exatamente o mesmo orixá sendo seu nome verdadeiro Òrìsànlà Obàtálá, que significa “O grande Rei Orixá do Pano Branco”, as divisões do seu nome vieram das regiões que o chamavam com apenas um dos nomes. Mas de qualquer forma ele ocupa uma posição única diante o panteão Yorubá, sendo ele o orixá mais elevado diante todos os deuses Yorubás, este posto também é seu devido ao fato de ter sido a primeira divindade criada por Olodumaré o deus supremo. Sendo Orixalá uma divindade suprema em território Yorubá, seu nome é Òrìsà +Nlà, que juntos formas Òrìsànlà, o orixá ìnlá, a maior das divindades. Ele é o rei dos Igbôs que é o maior grupo étnico africano, habitando o leste, o sul e o sudeste da Nigéria, alem dos camarões e da Guiné, sempre teve um caráter bastante obstinado e independente o que lhe trouxe muitos problemas, como vimos no capitulo três, orixás.
            Ele carrega a fama de ser o pai de todos os orixás, pois foi ele quem intitulou os orixás e os trouxe para o Orún, sendo ele considerado a imagem de Olodumaré na terra.
Obatalá não se manifesta por meio de ocupação ou tem assentamento na liturgia Nagô Xalú, porem é tido como o pai de Oxalufan (Oxalá Jobokum) que por sua vez é pai de Oxaguiã (Oxalá Obokum).
Obatalá é corcunda, pois devido sua teimosia se recusou a fazer uma oferenda de sal para Esú, e Esú revoltado castigou pregando por todo o sempre uma cabaça em suas costas, motivo pelo qual Obatalá não come sal. Obatalá é representado pelas águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação dos novos seres e é o senhor dos vivos e dos mortos, controlando o nascimento, a iniciação e a transição.
Ele possui um caráter bastante obstinado e independente o que lhe causou inúmeros problemas, ele é quem cria os seres humanos. O que lhe deu o titulo de Aláàbáláàse, “O poder de sugerir e realizar o Axé”.

Segundo a crença dos antigos Yorubás, os deuses da família Òrìsànlá (família nagô ìwìn), deveriam ser os únicos a serem chamados de orixás, e os demais deuses chamados pelos seus verdadeiros nomes ou pelo termo Imole, estes deuses funfun da família de Òrìsànlà comem apenas alimentos brancos, e são os donos da pemba e de todo tipo de pó branco, em hipótese alguma podem comer sal e azeite de dendê, sendo que a família dos Orixás funfun se estende em cento e cinqüenta e quatro deuses, tendo vindo para o Brasil apenas os orixás funfun de mar (Òkun), que são Obokun, Olokun, Dakun e Jobokun, numero bem reduzido aos que existem em áfrica. Porem em áfrica se analisarmos os 154 orixás funfun, encontraremos inúmeras cerimônias e semelhanças, que muitas vezes é difícil distinguir se se tratam de divindades distintas ou se são a mesma divindade com nome distinto conforme a região de culto, mas certeza que se pode observar que todos os orixás funfun são tidos como filhos de Obatalá (Orixalá) com Yemowo, a primogênita Iemanjá filha de Olokun (qualidade diginitária de Oxalá no Brasil), com quem teve todos os orixás funfun como filhos, mas algumas coisas mudaram quando chegaram ao Brasil.


Orixá Iemanjá, Yèyé Omo Ejá
A deusa dos mares
Iemanjá, Yemojá
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é a Orixá Iemanjá como é chamada no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Iemanjá é um orixá dos rios na África filha auto gerada de Iyá Olokun, sendo ela a rainha de Abeokuta onde existe um grande templo em homenagem a esta mãe. O nome de Iemanjá vem de Yèyé Omo Ejá, que significa “Mãe cujos filhos são peixes”, seu culto vem da região de Egbá uma região entre Ifé e Ibadan, onde passa o rio Yemojá, porem o povo desta região obrigou-se a migrar para Abeokuta por motivo das guerras existentes.
            Ela é verdadeiramente falando, uma mulher negra com seios muito fartos e caídos, símbolos de uma mãe fecunda e nutritiva, que deu de mamar a muitos filhos, tendo ainda um seio maior que o outro fato que ela odeia que reparem ou comentem.
            Seu primeiro marido foi Orunmilá e após com Olofin Oduduwá com quem teve dez filhos, após se cansar dos maus tratos do marido e da sua vida em Ifé, ela migrou em direção ao oeste da Nigéria, mas Oduduwá não aceitou sua fuga e enviou seus exércitos atrás de Iemanjá, ao encontrá-la eles a encurralaram, porem ela não se rendeu, quebrou uma garrafa que ganhou de sua mãe Olokun, um rio formou-se na mesma hora e ela virou o rio, este rio correu diretamente para o Oceano, reino de sua mãe Olokun.
            Ela é a deusa do rio, mas da parte onde está desembocando no mar, e não do mar propriamente dito ou do rio comum que pertence a Oxum, embora no Brasil ela seja associada como a rainha do mar, o que está completamente certo, pois ela formou o rio e correu para o mar, reino de sua mãe, onde ambas dividem o espaço e tempo, assim ela domina o entroncamento do rio com o mar e também o mar, principalmente a beira da praia.
            Sendo ela uma das divindades mais populares no Brasil, ganhou sua popularidade pela suas astucia e não pela força, cultuada como a grande mãe, origem de tudo, pois deu origem a maioria dos orixás. Na áfrica existe apenas uma Iemanjá, porem ela possui vários nomes e designações conforme a parte do rio e do povo que a cultua, o que também nos faz crer em mais de uma divindade com o arquétipo de Iemanjá das quais deriva as qualidades cultuadas no batuque ou no candomblé.
            É uma matriarca do universo, sempre preocupada com o bem estar de todos, deusa da fecundidade como a oxum e aceita toda forma de criatividade, tem uma personalidade apática, falsa e não tem nada a ver com imagem da falsa Iemanjá criada pela umbanda, ela é representada como uma mulher de seios até o chão e rabo de peixe da cintura para baixo, ela é uma sereia, diferente de sua imagem de mulher branca que vemos a venda, é uma influencias totalmente católica e umbandista nos cultos afro brasileiros.
            Iemanjá é tida no Brasil como a rainha do mar, protetora das mães e das esposas, é também a deusa das perolas, que cuida das crianças após o parto até a criança completar sete anos, domina e rege os pensamentos humanos, sendo a dona da mente, muito invocada por pessoas que buscam abundancia, tem forte influencia sobre a cura das doenças, vemos este reflexo no próprio mar onde nossas feridas se cicatrizam rapidamente, sendo também muito evocada no ritual do Bori para curar problemas na formação do Ori das pessoas e trazer de volta ao caminho reto às pessoas que estão desequilibradas mentalmente.

            Em resumo Bará fecunda o embrião, Oxum cuida da gestação e Iemanjá assume a criança após o parto até entregar ao orixá regente verdadeiro daquelas pessoas, ou fica para si mesma se for sua descendente, sendo também regente dos lares onde se busca viver um verdadeiro instinto familiar, a família tradicional.

Orixá Oxum, Osun
A deusa dos rios
Oxum, Osun
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é a Orixá Oxum como é chamada no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Na áfrica existe um rio que corre na Nigéria pelos territórios de Ijexá e Ijebu, que carrega o nome da dona do rio, a deusa Oxum. Tendo seu aspecto divino e um ancestral, foi considerada filha da Orixá Oloxá com Obokum, sendo neta de Oduduwá, Oxum é chamada na áfrica de Iyálóòde, titulo da mulher que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade, pois é a dona de todos os rios e de toda água doce, e sem água não pode existir vida na terra. Fato confirmado pela criação do mundo, pois quando Olodumaré enviou os orixás para povoarem a terra, nada era possível para eles, as vegetações não cresciam e as primeiras formas de barro criadas não conseguiam se manter foi quando Olodumaré percebeu a falta de um orixá na terra e enviou oxum que trouxe seus rios, criando assim todas as vegetações e dando a água que forma 70% do corpo humano de forma pura.
            Na áfrica as mulheres que desejam ter filhos dirigem oferendas e ebós para Oxum, pois ela controla toda a fecundidade da vida, segundo a lenda citada acima ainda, eram realizadas reuniões periódicas entre os orixás e as mulheres não podia participar, Oxum revoltada por serem as mulheres postas de lado, se vingou e tornou todos os seres estéreis e tudo mais que os orixás determinassem que fosse criado, ela dava seu jeito de impedir a efetividade, atrapalhando tudo no andar do mundo.
            Logo todos os orixás foram até Olodumaré explicar o que estava acontecendo, ele de pronto perguntou se Oxum estava indo as reuniões, diante a negativa dos orixás, Olodumaré explicou que sem ela nada daria certo, pois ela detinha o poder da fecundidade de tudo. De volta a terra os orixás convidaram Oxum a participar de todas suas reuniões e tudo se tornou fértil novamente, mas mesmo assim Oxum deixou o castigo para o mundo, onde algumas pessoas ainda nasceriam estéreis para nunca se esquecerem da importância das mulheres no mundo.
            Hoje na áfrica o principal local de culto a Oxum está na cidade de Osogbo, onde ocorre uma enorme festa anual para está orixá, deriva da chegada de Laro o fundador da dinastia Osogbo, onde ele reconhecendo a fertilidade do solo fundou sua cidade, mas alguns dias depois uma de suas filhas desapareceu no rio, ele fez ebós e oferendas ao rio e sua filha voltou a salvo vestida como uma rainha e contou a Laro que havia sido acolhida pela divindade das águas como sendo sua filha, para mostrar a gratidão pela Oxum, entregou no rio inúmeras oferendas e os peixes mensageiros de Oxum vieram comer tudo, logo um peixe veio e cuspiu água em Laro que tomou desta água e fez o pacto com o rio, ele louvaria o rio sempre e uma vez ao ano realizaria grandes festividades em homenagem á Oxum, até deu o nome a cidade de Osun Gbó, “Oxum está em estado de maturidade”, abreviado depois para Osogbo.
            A Oxum na áfrica ainda é considerada a segunda esposa de Xangô, mas antes foi esposa de Ogum, de Orunmilá e de Oxóssi.

            Na áfrica Oxum é uma divindade única, porem recebe vários nomes entre Igedé onde nasce o rio até Lké onde ele deságua em uma lagoa. No Brasil não mudou muito estas concepções da Orixá Oxum, se mantendo ainda muito pura diante o culto Yorubá.

Orixá Xapanã
Orixá da transição e das doenças contagiosas

Sànpònná, Obalúayé, Xapanã
Da África para o Brasil



"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Xapanã como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

                Obalúayé significa “Rei dono da terra” e Omulu significa “Filho do Senhor”, são os nomes pelo é chamado o orixá Xapanã na áfrica, pois seu nome é um tabu e não deve ser pronunciado, dizendo ainda que ele pune os malfeitores enviando-lhes doenças contagiosas.
            Xapanã é um dos orixás mais antigos da áfrica, tendo seu culto muito anterior ao culto dos eboras e Voduns, sendo ele muito anterior ao desbravador Oduduwá, pois quando Oduduwá chegou a Ifé, Xapanã já era tido como uma divindade em Òkè Itase, no estado de Osun, a prova disto é que em áfrica muitas cerimônias a estes orixás não utilizam nada que contenham ferro, pois seu ritual é anterior a idade do ferro.
            Existem ainda três Xapanã em território Yorubá, um deles é conhecido pelo nome de Xapanã-Airo, filho gerado de Nanã, sendo ele uma divindade originaria de Tapá, sendo ele rei de Tapá partiu em expedição com seus guerreiros pelos quatro cantos da terra, as flechas de Xapanã deixava qualquer pessoa que fosse ferida cega, surda e manca instantaneamente. Nestas andanças ele chegou até o território mahi ao norte do antigo Daomé, onde dizimou toda a população. Onde instalou seu império sendo saudado pela frase Kábìyèsí Olútápà Lempé, “Rei de Nupê em país Empê”.
            O segundo Xapanã nascido na áfrica foi Sànpònná-Boku, que teve sua origem na própria Daomé e migrou posteriormente para Oyó na terra de seu primo Xangô, tendo fortes ligações com Nanã Buruku na região, pois era filho de Ibain (uma encarnação de Nanã na terra) e Oko (uma encarnação de Obatalá).
Havendo ainda um terceiro de culto muito confuso chamado pelo nome Omulu-Molu em Kêto e Abeokutá, sendo este filho de um homem chamado Savé Opara, com o culto de um caçador negro que cobre o corpo com palhas da costa, que matava e comia as pessoas praticando o ato do canibalismo contra os inimigos que vencia em suas lutas, sendo este Omulu altamente contra as pessoas saírem às ruas sozinhas ao meio-dia, castigando quem assim o fizesse, na áfrica o culto a Omulu é realizado na rua, sendo um orixá que se manifesta na hora de sol intenso e castiga quem não carrega talismãs de proteção. Porem na cidade de Savé ele é comparado como sendo a própria Nanã, no Brasil seu culto veio de sacerdotes de Abeokuta que o cultuavam como sendo um orixá com as qualidades de Xapanã, porem muito mais novo.



Orixá Obà
A guerreira de Elekô
Obà da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é a Orixá Obà como é chamada no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Na áfrica Obà ou Obàsìy seu nome Yorubá, é uma divindade do rio Obà, um dos braços do rio Níger, foi esposa de Ogum Onira, mas ganhou sua fama após ser a terceira esposa de Xangô Agodô.
            Ela seria nos dias de hoje uma fisiculturista mulher, pois era energética e fisicamente mais forte que um homem, assim ela seria musculosa como um homem. Ela foi uma grande guerreira, sendo líder das mulheres e rainha de Elekô, tendo vencido em batalha Oxalá, Xangô e Orunmilá, quando desafiou Ogum, o mesmo consultou Orunmilá para saber o que faria para vencer Obà, pois havia visto seus duelos e sabia que sua derrota seria eminente. Assim Ogum preparou uma pasta no pilão feita de milho e quiabo, e espelhou no chão onde Obà iria lutar, na hora da luta Ogum fez com que Obá fosse até o local onde estava à pasta e ali ela escorregou na mistura e caiu, Ogum se aproveitou do momento e a possui ali mesmo contra a vontade dela. Ela é a guerreira que veste vermelho e branco, usa espada, escudo, arco e flecha.
            Depois ela se apaixonou e se tornou mulher de Xangô com quem teve uma filha chamada Àpàrà, sincretizado com Oxum no Brasil, mas logo uma rivalidade entre ela que já estava velha e não se vestia direito e Oxum que era nova e elegante surgiu. Como Xangô sempre foi muito guloso e comilão, Obà pretendia ganha-lo pela boca, roubando o livro de receitas da Oxum, e com estas receitas fazia os manjares de Xangô, isso causou grande irritação em Oxum, que decidiu pregar uma peça em Obà, assim disse a Obà que a ensinaria a fazer o prato favorito de Xangô, quando Obà chegou para ver o prato Oxum estava com um pano atado na cabeça escondendo suas orelhas, e mostrou a Obà uma sopa onde boiavam dois cogumelos, dizendo serem suas orelhas que colocou no Amalá para torná-lo especial para Xangô, pois isso encantava o esposo delas. Xangô veio comeu tudo e se fartou, pegou Oxum pelo braço e foi deitar-se com ela.
            Na outra semana Obà decidiu então fazer o prato de Xangô e fez tudo como Oxum havia lhe indicado, cortou a orelha esquerda e a pôs na comida, Xangô ao ver a orelha na sopa enfureceu-se e achou o prato repugnante, nisso Oxum retira o pano e lhe mostra as orelhas intactas e ri de sua rival, uma intensa luta foi travada entre elas, Xangô se enfureceu e fez um forte trovão romper o céu, apavoradas as duas fugiram e se misturaram ao rio, transformando-se no rio Osun e no rio Obà, até hoje estes braços do rio Níger onde se encontram possuem um forte conflito, sendo seu encontro muito violento em decorrer da briga das duas orixás que nunca se perdoaram.
            Outra lenda muito famosa na áfrica conta que o rei de Owu partiu para a guerra e o rio Obà estava em seu período de cheia, ele prometeu a deusa Obà que se suas águas baixassem ele daria de presente ao rio na volta da guerra uma Nkam, que seriam coisas boas, porem a esposa do rei que era filha do rei Ibadan também se chamava Nkam. Ao regressar da guerra o rei de Owu oferendou o rio com búzios, bois, tecidos e muitas outras coisas, mas o rio negou tudo, e devolveu, Obà queria Nkam a sua esposa, não havendo outro jeito o rei de Owu jogou sua mulher no rio, assim as águas baixaram e o rei regressou a sua cidade, porem o rei Ibadan tomou conhecimento do fato e indignado declarou guerra a Owu, vencendo e expulsando todos os moradores do pais.
            Ela é a senhora da sociedade Elekô, uma sociedade que possui o culto a Egungun muito forte, sendo também senhora da sociedade Lesse Orixá, esta sociedade é muito restrita, apenas mulheres podem participar dos rituais, sendo que foi Obà a fundadora desta sociedade de culto a ancestralidade feminina. Obà representa as águas revoltas dos rios, as pororocas, águas fortes e quedas das águas, a lama, o lodo e todas as enchentes, ela representa a transformação dos alimentos através do cozimento, de cru para cozido, é dona da roda, muito energética e forte, pois representa o masculino e o feminino através de sua força.
            Ela rege os relacionamentos que estão sendo estragados pelo ciúmes obsessivo, sendo uma deusa da guerra, da luta e do amor verdadeiro, pois com Xangô ela aprendeu amar e ser amada, sendo ela a dona de toda ancestralidade feminina, tudo que envolve Obà é repleto de mistério, pois tem forte ligação com as Iyá Mi Ósorongá sendo Obà uma Iyá Mi Egbé Abikú, pois ela é encarregada de trazer ao mundo as crianças que nascem para ser um castigo para os pais, com isso dizemos crianças deficientes ou com distúrbios mentais.
            Ainda em Nigéria até hoje ela é tida como uma Yabá velha, uma feiticeira poderosa extremamente ligada a Nanã, que lidera todas as mulheres guerreiras, capaz de solucionar todas as causas impossíveis, ainda ganha um papel de defensora dois advogados que defendem o lado certo, protege e rege as viúvas, os órfãos, os anciões e ajuda quem procura a encontrar os objetos perdidos.
Ela é filha de um incesto entre Ogunté e Ajagunã (é pai de Ogunté, que se embebedou e violentou Ogunté), cultuada como deusa da morte, dos eguns, de tudo que está oculto e dos mistérios, sendo em áfrica a deusa da proteção feminina, dona de um caráter apaixonado e corajoso, não teme a ninguém, para ela a guerra significa o controle da natalidade, o limite da vida e da ecologia, ela é a própria guerra.

Segundo conhecimentos antigos ela é a protetora das Oyás, tudo que se faz para Obá se faz também para Oyá e vice versa, quando iniciamos uma filha de Obà nunca uma filha de Oxum pode realizar obrigação junto, ainda pelo ciúmes obsessivo e intuito de guerra que as filhas de Obá trazem, é sempre aconselhado pelos sacerdotes antigos que se deixe a filha de Obà sobre os cuidados de Iemanjá ou Oxalá, para acalmar sua ira e o seu ciúmes, pois ela seria um orixá que traz as qualidades de (Xangô + Oxum)+(Oxalá + Iemanjá) = OBÀ, pois a junção dos quatro orixás formam esta guerreira que possui atributos dos quatro deuses.

Ossanha, Ossain, Òsanyìn, Ossãe
O orixá das ervas e da saúde
Ossanha
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Ossanha como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Ossanha na áfrica é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas, sendo ele muito importante para tudo que for feito dentro da religião, até mesmo porque nada se faz dentro da religião sem a presença dele e de suas ervas, pois ele detém o axé, importante para todos os deuses. O nome de todas as plantas, a sua utilização e a forma de ativar seus poderes, pertence à Ossanha, que anda sempre portando um cetro de ferro, tendo na parte de cima um pássaro de ferro, e seis outras pontas apontando para o alto.
            É filho de Nanã Burukun, tendo ele sido gerado diretamente de matéria, pois Nanã gera em si mesma, sendo ela Assexuada na região do Irão, atual Nigéria, perto da fronteira do ex-Daomé onde é praticado o culto de Ossanha.
            A colheita das ervas de Ossanha deve ser feita com extremo cuidado, pois deve ser feita pedindo sempre licença e saudando Ossanha, e depois agradecendo por ele partilhar as folhas conosco, melhor ainda se as ervas forem colhidas em locais selvagem onde Ossanha vive junto com Òsanyìn Àrònì, um Ossanha anão que possui uma única perna que passa o dia fumando um cachimbo feito de casca de caracol com suas ervas favoritas junto do fumo,
            Na áfrica o culto a Ossanha é praticado pelos Olóòsanyìn, adeptos de Ossanha que praticam a arte do curandeirismo pelo processo de conhecimento das plantas a qual são submetidos, até em respeito à Ossanha nunca colhem ervas se estiverem com o corpo impuro, sendo tudo feito em absoluto silencio levando dinheiro corrente ao local onde serão colhidas as ervas, para pagar Ossanha pela colheita. Os Olóòsanyìn não entram em transe, apenas tem conhecimento das ervas, eles julgam que Ossanha não é passível de transe, sendo que no Brasil segundo os nigerianos a possessão se dá pelo Vodun Agué e não por Ossanha como dizem os brasileiros, porem aqui existe muitas discordâncias desta afirmação. Vale lembrar ainda que em áfrica Ossanha possui as duas pernas e o Àrònì possui apenas uma, enquanto no Brasil toda qualidade de Ossanha foi associada como tendo uma única perna.
            O culto de Ossanha na África esta estreitamente ligado ao culto de Orunmilá, senhor da adivinhação, pois quando Orunmilá veio ao mundo pediu que um escravo lavra-se seus campos, o escravo escolhido foi Ossanha, que quando foi começar o trabalho começou a se negar a cortar certas ervas, dizia esta não vou cortar, pois alivia inflamações, esta não vou cortar, pois elimina infecção, esta cura dores de cabeça e assim foi durante todo o dia. Orunmilá se interessou pelo conhecimento do escravo, demonstrando desejo de conhecer estas ervas milagrosas, decidindo que Ossanha ficaria ao lado dele durante suas adivinhações indicando as ervas que os consulentes deveriam tomar para serem curados de certas enfermidades.
            Mas nem tudo foi alegria, logo houve desavença entre os dois e a briga começou quem era mais importante o adivinho e suas oferendas ou Ossanha e seus remédios, então houve a disputa entre os dois.
            Os filhos de Orunmilá chamava-se oferenda e o de Ossanha remédio, o rei de Ajalaiê resolveu fazer o desafio e descobrir quem era mais importante, iria enterrar o0s dois vivos por sete dias e quem saísse vivo ao termino do desafio seria mais importante. Orunmilá consultou seu oráculo para ver como agir diante deste desafio, e os Odus lhe mandaram oferecer comida e sacrifícios de coelho e galos a Esú para vencer a contenda, após todas as oferendas feitas, Esú ressuscitou o coelho e ele cavou um buraco e levava as comidas até oferenda, mantendo ele vivo. Remédio filho de Ossanha usou de sua magia para chegar até Oferenda e lhe pediu comida, mas oferenda negou a dar-lhe qualquer alimento, pois o pai dependia dele, assim remédio se submeteu a ele e lhe disse que quando o desafio terminasse ele não responderia ao chamado de seu pai e permitiria a vitoria de Orunmilá, oferenda aceitou e lhe deu alimento, assim ao fim dos sete dias Orunmilá saiu vencedor, pois foi seu filho que respondeu o chamado do rei de Ajalaiê. Deste dia em diante o poder dos Babalaôs foi considerado mais importante que o dos curandeiros, pois sem o poder da palavra as ervas nunca surtiriam o efeito desejado.
            Esta briga entre os dois não terminou tão fácil assim, pois Ossanha nunca aceitou a derrota, viveu então uma guerra não declarada com Orunmilá, procurando sempre enganar e atrapalhar a vida de Orunmilá. Orunmilá cansou de estar sempre dando um passo para frente e dois para trás e foi falar com Xangô, pediu a ele que queria justiça, queria descobrir que era seu inimigo oculto. Xangô pediu uma oferenda de doze algodoes em chamas e doze Edum Arás, assim ele desvendaria toda a injustiça, e assim o fez Orunmilá, ele invocou o poder do fogo, neste dia Ossanha andava pela floresta buscando ervas, para enfeitiçar Orunmilá, quando um forte raio caiu sobre ele, por ser um Orixá não veio a morrer porem teve sua perna mutilada pelas forças de Xangô. Assim Orunmilá descobriu quem era seu inimigo oculto, que há tempos o atrapalhava em seu caminho de adivinho.
            Depois desta desavença muito tempo ainda se passou, e um dia foi organizada uma grande festa em homenagem a Orunmilá, Ossanha estava em casa muito triste por tudo que ocorrera, estava pobre e com pouco alimento, quando passou Xangô em sua porta e perguntou a ele o motivo de tanta tristeza, e Ossanha respondeu que era o fato de não poder ir à festa de Orunmilá devido ao que fizera no passado, alem disso sua plantação só tinha dado inhame e aboboras, e os inhames que eram o que Orunmilá comia havia dado muito pouco, seria insuficiente para se redimir diante Orunmilá.
            Xangô ouviu tudo e disse a Ossanha que nada disso tinha importância, e que Ossanha deveria ir, mas diante a recusa de Ossanha, Xangô se propôs levar as oferendas até Orunmilá, e assim o fez. Chegando ao palácio de Orunmilá ele colocou os inhames de Ossanha junto com os seus e disse a Ossanha que estes inhames eram todos dele, de Xangô como presente para Orunmilá e que as aboboras eram um presente de Ossanha para Orunmilá, na mesma hora Orunmilá disse que recusava o presente de Ossanha e que Xangô deveria devolver as aboboras a Ossanha imediatamente.
            Ossanha ficou muito triste com a devolução de suas aboboras, e deste dia em diante ele começou passar muita necessidade, sem ter o que comer decidiu que não haveria outro jeito a não ser comer as abóboras que já estavam apodrecendo, depois de tanto tempo, e assim Ossanha abriu a primeira e viu que no lugar das sementes havia muito dinheiro, e assim foi abrindo uma a uma e todas tinham dinheiro dentro, assim Ossanha que era pobre passou a ser muito rico e respeitado e voltou a ser um grande amigo de Orunmilá.
            Algo muito conhecido e lembrado na áfrica e no Brasil é sobre o pássaro ser a representação do poder de Ossanha, sendo este pássaro seu mensageiro que anda por toda a parte e volta para ficar sobre a cabeça de Ossanha para lhe contar tudo que viu, esta historia começa no dia em que um rei prometeu sua filha mais velha, conhecida como Osun Ademun em casamento há quem soubesse o nome de suas três filhas, Ossanha que estava muito interessado em sua filha aceitou o desfio. Assim foi ele sorrateiro atrás do palácio onde se escondeu em uma arvore e ali esperou as três princesas saírem para o pátio.
            Ali ele imitou o pássaro ate elas irem ate a arvore onde ele soltou seu pássaro e as meninas brincaram sem parar com o pássaro sem saber que era o pássaro de Ossanha, assim Ossanha ouviu o nome das três princesas e no dia seguinte foi ate o rei e lhe disse o nome de suas três filhas e ele lhe deu a filha mais velha Ademun em casamento, sua esperteza dera certo e desde então ele é identificado com o pássaro.
            Ainda Ossanha era dono de todas as folhas, poder que havia recebido do próprio Olodumaré, ele não repartia com ninguém o segredo das folhas, mas um dia Xangô pediu a Oyá que descobrisse o segredo de todas as folhas, pois os orixás não tinham nenhuma erva ou folha para si, assim Oyá foi até Ossanha e levantou sua saia, deixando Ossanha hipnotizado pela suas partes, enquanto os dois praticam o ato sexual, Oyá foi pedindo a finalidade de cada folha e Ossanha enamorado foi ensinando, até que na hora do orgasmo Oyá soprou muito forte e a cabaça das folhas que estava pendurada em uma arvore voou longe e quebrou ao bater no chão, Ossanha saiu correndo gritando “Ewé O, Ewé O, que significa em português “minhas folhas, Oh as folhas”, mas não conseguiu impedir que cada orixá tomasse para si uma folha e suas propriedades magisticas.
            Como dito anteriormente Ossanha é originário da região do Irão, na Nigéria, não fazendo parte do panteão Jêjê, sendo Ossanha um deus originário da etnia Yorubá, pois entre os Jêjês havia um deus responsável pelas folhas que levava o nome de Ágüe, por isso Ossanha dança o bravum e o Sato a exemplo dos antigos deuses de Daomé. Ele teve poucos caos amorosos sendo apenas um de sedução por Oyá e sua paixão por Ademun, no Brasil muito se fala sobre ele ter seduzido Oxóssi e enamorado com ele, porem em áfrica este mito é totalmente desconhecido e inexistente.
            Voltando atrás na visão nigeriana os brasileiros filhos de Ossanha recebem na possessão o Vodun ágüe e não o orixá Ossanha, mas quem é ágüe?
            Considerado por muitos uma encarnação de Ossanha, Ágüe é o Vodun da caça e das florestas, tendo seu assentamento identificado com Igbá ágüe, onde na mitologia fon e Ewe ele teria só uma perna, e nas vezes na mitologia fon identificado como tendo apenas um braço, uma perna e um só olho, foi ele quem ensinou os homens os segredos das plantas e das artes, sendo o chefe de todos os azizas (espíritos da floresta, os elfos e gnomos), ele encarna em si, a inteligência e a sensibilidade dos homens em adaptar-se a natureza, sendo ele muito semelhante à Ossanha.
            Este Vodun foi muito importante dentro da cultura Jêjê, é tido como filho de Mawu, a mesma que Nanã na região fon da áfrica, é importante, pois é um Vodun da família de Sapaktá, sendo responsável pelo poder das plantas, folhas, vegetais, da medicina e da cura. Estando ligado também à caça e a fartura, sendo ele quem mata a fome de seu povo e traz os alimentos sendo muito semelhante aos Odés.  Ágüe aprendeu com Mawu os segredos de Ikú, por isso também é relacionado aos eguns e esta relacionado com os ancestrais e com a morte.

            As cores de ágüe na áfrica são o verde e amarelo, ou verde e branco podendo ainda usar o vermelho, sendo seu dia a quinta-feira e a segunda-feira, logo Ágüe em nossa concepção é o próprio Ossanha, sendo a mesma divindade, porem Ossanha rodava inúmeras regiões africanas, tendo um nome em cada dialeto das terras por onde Passava.

Orixás Odé e Otim
Os caçadores da África
Odé
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Odé como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Na áfrica toda região possui seu Odé (caçador) particular, sendo este Odé o responsável por garantir a prosperidade, representando a habilidade do homem de caçar e coletar os alimentos para seu povo protege quem precisa caçar, pois a floresta é um local de perigos, com animais selvagens e perigos sobrenaturais, onde na áfrica moram os eguns, por isso as matas são muito respeitadas pelos Yorubás. Cada região possui seu Odé, como exemplos em Inixá têm Otin (a única caçadora mulher na áfrica), em Ijexá temos Erinlé, em Ketu temos Oxóssi (mais famoso caçador africano), em Ire temos Ogum (em áfrica ainda temos ele como caçador, pois o guerreiro e o caçador caminham lado a lado) e em Ifé temos Oluwere (primeiro caçador Yorubá, acompanhou Oduduwá em sua chegada até Ifé).
            Neste momento quando nos referirmos a Odé, interprete como caçadores, pois em áfrica ele não é uma divindade única, sendo como Esú, que tem um em cada cidade. A compreensão do termo Odé é principalmente masculina, mas também pode ser entendido como uma figura feminina, representando o instinto de sobrevivência dos homens, sendo quem traz o alimento para a mesa através de suas estratégias de caça, dono das florestas, sendo elem responsável pela fartura e o consumo consciente das riquezas alimentícias da natureza.
            Na áfrica Odé é o deus da caça e vive nas florestas junto com o espírito dos antepassados, tendo a virtude de dominar os espíritos da floresta, seu principal culto é através de Oxóssi em Ketu e Erinlé em Ilobu e Ijexá, sendo ele quem caçava os elefantes, todos Odés carregavam o Ofá (arco e flecha), a lança e o Iruquerê (um espanta moscas) usado pelos reis africanos, pendurado no saiote. Está associado ao ar livre e aos elementos da natureza, sendo solitário e individualista.
            Vejamos agora alguns resumos sobre os principais caçadores da áfrica.

Oxóssi, Osowusì
O caçador de uma flecha só

            Com certeza o mais conhecido caçador nigeriano nos dias de hoje, considerado filho de Ogum Onira com Iyá Odé Apáòka e às vezes tido como irmão de Avagã em território fon, onde o culto a Onira é inexistente.
            Ele é considerado o protetor dos caçadores, auxiliando os caçadores a terem uma boa caçada e voltar para casa com uma quantidade considerável de alimentos. Alem de viver muito tempo caçando em companhia de Ossanha com quem aprende o segredo das ervas medicinais alem de ser o único que possuía armas em seu vilarejo, onde era conhecido pelo nome de Osowusì o “Guarda Noturno”, fazendo sempre a ronda de seu vilarejo durante a noite.
            Oxossi ficou conhecido na áfrica inteira após um famoso feito seu que correu por todos os lugares rapidamente, quando Oduduwá celebrava a festa dos novos inhames com seu palácio cheio, em meio à grande festividade um enorme pássaro voou em meio ao salão da festa, era o pássaro das Iyámi òsòròngà, que elas utilizavam para realizar seus trabalhos nefastos.
O desespero tomou conta do local, chamou então Oxotogun, o caçador das vinte flechas de Ido, Oxotogí, o caçador das quarenta flechas de Moré, Oxotadotá, o caçador das cinqüenta flechas de Ilarê e também Oxotokanxoxô, o caçador de uma flecha só. Os três primeiro fracassaram na tentativa de acertar o pássaro, Oxotokanxoxô era filho único e sua mãe foi consultar um babalaô que recomendou que se fizesse uma oferenda com uma galinha sacrificada pelo peito e dizendo “quero que o peito do pássaro receba esta flecha”, no momento que Oxotokanxoxô lançou sua única flecha, com o animal enfraquecido pelo encanto de sua mãe, a flecha o atingiu profundamente, fazendo com que o pássaro caísse no chão sem vida, neste momento todos exclamaram Osowusì (pronuncia Oxówsí), que significa “Oxó (abreviatura de Oxotokanxoxô) é popular”, com o tempo este nome foi trazido para o Brasil como Oxóssi.
Hoje na áfrica o culto á Oxóssi encontra-se quase extinto, assim como no batuque do RS, embora se mantenha muito vivo na Umbanda e no candomblé, o fato da extinção deste culto na áfrica vem de quando Ketu foi saqueada e destruída pelo rei Daomé, e todos os iniciados de Oxóssi foram escravizados e mandados ao Brasil.

Oreluere, Oluwere
O mais antigo caçador Yorubá

Foi um dos dezesseis integrantes que formaram a comitiva de Oduduwá em sua chegada do Egito na cidade de Ifé, o berço da civilização Yorubá, detinha o poder e a sabedoria da caça ensinou os primeiros Yorubás a sua arte com o arco e flecha. Foi um guerreiro destemido, um medico habilidoso e um guardião da moral, das tradições e dos bons costumes das família. Todos que cometessem algum tabu eram apresentados diante de Oluwere para pagar as penitencias impostas por ele.
Não existem iniciados a ele em áfrica, ele apenas foi o patrono dos caçadores, pois o segundo caçador foi divinizado, o segundo foi Ogum. Embora Oluwere não tenha sido divinizado, nunca podemos esquecê-lo, pois ele foi chamado por todos os caçadores da áfrica de caçador primordial, no Brasil existe pouco conhecimento ou tradição oral sobre este caçador.

Erinlé, Ibualamã

Seu templo principal é em Ilobu onde é chamado de Ibualamã que significa “O poder de Erinlé”, mas em Ijexá passa o rio Erinlé, sendo a mesma divindade com seu nome pronunciado diferente de acordo com o dialeto. Em Ilobu o culto do rio e do caçador de elefantes se misturou aonde esta divindade vinha em socorro de seus habitantes, auxiliando na caça e na fartura, sendo seu local de culto onde haja um rio muito profundo.
Erinlé possui uma forte intuição de caçador, seu principal fator de culto, é para que as pessoas atraiam para si agilidade, sorte nos negócios e dinheiro, aumentando a estratégia energética das pessoas.



Logún Edé, Lógunèdè

Tido como filho de Erinlé com Oxum Epandá, é cultuado também em Ijexá, onde sabemos que ele vive seis meses em terra e outros seis meses no rio, em seis meses caça e come sua caça sendo um homem, nos outros come peixes sendo uma mulher, ele tem total bipolaridade. Pois é filho de Erinlé com quem aprendeu a arte da caça, e de Epandá de quem puxou a vaidade e a beleza.

Seu culto estende-se até Edé no estado de Osun, protege os humildes e injustiçados, também é cultuado para atrair sorte nos negócios e prosperidade financeira.


Otin, Otim
A princesa de Inixá


"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Otim como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

Otim tem muitos pontos de vista diferentes em sua liturgia no Brasil, alguns a cultuam como sendo filha de Erinlé e uma esposa de Odé, outros a cultuam como sendo a imaginação de Odé manifestada. Esta segunda possui a lenda famosa, onde Odé após ter se decepcionado amorosamente com Epandá e com Oyá, Odé entrou nas matas e pediu tanto a Olodumaré a mulher perfeita para ele, o mesmo comovido pela tristeza de Odé, concedeu a ele uma mulher que satisfizesse todas suas vontades e tivesse as atitudes perfeitas diante ele, assim nasceu Otim, uma imaginação de Odé, motivo pela qual não pega cabeça. Ainda temos alguns Babalorixás que a cultuam como qualidade de Odé sendo ela uma dualidade de Odé, que seria seis meses homem, chamado de Odé, seis meses mulher, chamada de Otim.
Mas a visão Yorubá da deusa Otim na áfrica não condiz com estas visões, em áfrica Otim é a princesa de Inixá, é a única divindade feminina que foi exilada entre os caçadores.
Otim é filha de Erinlé com Epandá, é uma caçadora que também traz a qualidade de guerreira e de cuidar das plantações, em áfrica contam que ela sempre andava até o rio buscar água para o pai, motivo que no Brasil ela é representada com um cântaro na cabeça, foi exilada de suas terras por possuir anormalidades nos seios, alguns falam que ela possuía três seios, enquanto outras regiões alegam que ela teria ate quatro seios.
Tornou-se uma grande caçadora, pois quando seu pai Erinlé era rei de Ilobu, realizava grandes festividades para o povo, mas os caçadores não queriam mais caçar para as festas, assim o grande banquete se aproximava e o alimento era pouco para todos que viriam na festividade, foi quando Otim que há tempos treinava com seu arco e flechas escondido, saiu para ajudar o pai, e voltou para o palácio com uma grande quantidade de alimentos, sendo louvada por todo o povo, e sendo divinizada pelo próprio Oxalá que se fazia presente no banquete, pois uma mulher sozinha havia caçado mais que vinte homens juntos.
Sua chegada ao Brasil foi junto com Odé que foi unificado sendo associada ao culto dele, não se pode assentar um sem assentar o outro, porem Otim não pega cabeça de ninguém, não pode ter filhos, pois para a nação Nagô Xalú ela é considerada uma orixá imanifestável, pois nunca teve filhos e ela não aprecia contato com muitas pessoas devido ao constrangimento que foi acometida em território Yorubá devido seu defeito nos seios, motivo de ter se exilado nas matas virgens, onde fica aguardando seu marido Odé voltar para a casa com a caça, pois ela não gosta de caçar, prefere a agricultura, cuida das plantações e da terra, hoje diferente de Odé ela porta uma lança e uma funda apenas para proteção pessoal, deixando a caça apenas para Odé. Algumas outras nações dão cabeças para Otim, porem alertados por antigos Babalorixás que alegam não ser apropriado, quando Otim responde no Eledá de alguém se deve imediatamente oferendar á ela, e entregar o filho para Odé, pois Otim leva o filho cedo, sendo que dificilmente um filho de Otim realmente iniciado e feito no santo passa dos 40 anos.
Ela é tida como a orixá que protege os animais, mas ao mesmo tempo ajuda os caçadores, pois ela entende que a morte de um ser é necessária para a sobrevivência da raça humana, porem não aprova a matança pura e simples, a morte de um animal deve apenas ocorrer se for para servir de alimento ou em rituais para agradar aos deuses, matar apenas por esporte ou maldade é algo totalmente revoltante para ela. Alem de ser ela que cuida e garante a sobrevivência dos animais que podem ser caçados, também auxilia na colheita dos alimentos.
Ainda temos uma lenda muito famosa na áfrica sobre Otim que conta que ela é filha de Okê, o deus da montanha, e escondia que tinha nascido com quatro seios, o rei Okê adorava sua filha e não permitia que ninguém soubesse de sua deformação. Este era um segredo de Okê e sua filha. Quando Otim cresceu, o rei aconselho-a a nunca se casar, pois um marido, por mais que a amasse, um dia se aborreceria com ela e revelaria ao mundo seu vergonhoso segredo. Otim ficou muito triste, mas acatou o conselho do pai. Por muitos anos, Otim viveu em Igbajô, uma cidade vizinha, onde trabalhava no mercado.
Um dia, um caçador chegou ao mercado, e ficou tão impressionado com a beleza de Otim, que insistiu em casar-se com ela. Otim recusou seu pedido por diversas vezes, mas, diante da insistência do caçador, concordou, impondo uma condição: o caçador nunca deveria mencionar seus quatro seios a ninguém. O caçador concordou, e impôs também sua condição: Otim jamais deveria por mel de abelhas na comida dele, porque isso era seu tabu, seu ewó (proibição), pois um dia ele teria entrado nas matas com seu filho lhe ensinando a caçar, e sentaram embaixo de uma arvore para descansar. Logo pousou um pássaro e Odé teria atirado acertando o pássaro e também uma colméia de abelhas, que caíram sobre a cabeça de seu filho, que sem defesa foi picado diversas vezes, Odé vendo o sofrimento do filho correu acudi-lo, sendo também picado muitas vezes, conseguiram fugir, mas seu filho estava desmaiado no chão com sua vida se esvaindo, vendo o sofrimento de Odé, Xapanã desceu a terra e corou seu filho e depois curou Odé, que disse a Xapanã, “senhor dos aflitos, ponho meu reino a seus pés e também toda minha caça, que de hoje em diante sempre comeremos juntos”, (abrindo um adendo, sempre que oferendamos Odé, antes devemos oferendar Xapanã, ou Odé não aceita a oferenda), assim Odé e seu filho seguiram seus caminhos sobre o juramento de que nunca mais iriam comer mel, pois faria com que se lembrassem de todo o sofrimento pelo qual haviam passado.
 E assim respeitando o ewó de Odé, por muitos anos, Otim viveu feliz com o marido. Mas como era a esposa favorita, as outras esposas sentiram-se muito enciumadas. Um dia, reuniram-se e tramaram contra Otim. Era o dia de Otim cozinhar para o marido; ela preparava um prato de milho amarelo cozido, enfeitado com fatias de coco, o predileto do caçador.
Quando Otin deixou a cozinha por alguns instantes, as outras sorrateiramente puseram mel na comida. Quando o caçador chegou a casa e sentou-se para comer, percebeu imediatamente o sabor do ingrediente proibido. Furioso, bateu em Otim e lhe disse as coisas mais cruéis, revelando seu segredo: "Tu, com teus quatro seios, sua filha de uma vaca, como ousaste a quebrar meu tabu?” A novidade espalhou-se pela cidade como fogo.
Otim, a mulher de quatro seios, era ridicularizada por todos. Otim fugiu de casa e deixou a cidade do marido Voltou para sua cidade, Otã, e refugiou-se no palácio do pai. O velho rei a confortou, mas ele sabia que a noticia chegaria também a sua cidade. Em desespero, Otim fugiu para a floresta. Ao correr, tropeçou e caiu. Nesse momento, Otim transformou-se num rio, e o rio correu para o mar. Seu pai, que a seguia, viu que havia perdido a filha.
Lá ia o rio fugindo para o mar. Querendo impedir o Rio de continuar sua fuga, desesperado, atirou-se ao chão, e, ali onde caiu, transformou-se em uma montanha, impedindo o caminho do rio Otim para o mar. Mas Otim contornou a montanha e seguiu seu curso. Okê (Orixá), a montanha, e Otim, o rio, são cultuados até hoje em Otã. Odé (Oxossi), o caçador, nunca se esqueceu de sua mulher.


Orixá Xangô, Sàngó
O deus do trovão, senhor da justiça
Sàngó na África
Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Xangô como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Xangô (senhor do trovão) na áfrica foi o terceiro Aláàfin Òyó, ou seja, “rei de Oyó”, é filho de Oraniã com Torosi, uma filha de Elempê (rei dos Tapás),, sendo que a partir de sua divinização passou a ser considerado filho de Yamassê (qualidade de Iemanjá no Brasil), Xangô cresceu em tapa, indo posteriormente morar na cidade de Kossô, onde não era aceito ou bem visto devido ao seu temperamento violento e imperioso, Xangô ficou magoado com a rejeição e resolveu castigar os habitantes de Kossô, usou seu Edum Ará (pedras sagradas), e castigou todo o reino com raios e trovões, logo toda a população caiu aos seus pés, clamando pelo rei de Kossô, ele aceitou a coroa e reinou muitos anos sobre Kossô sendo um rei justo e realizador de grandes obras, nunca mais tendo sido esquecido.
            Após algum tempo instalado em Kossô e após ter conquistado a confiança do povo, ele juntou seu povo e se dirigiu a Oyó, onde fundou um bairro de nome Kossô, onde recebeu o nome de Xangô Obà Kossô, Xangô rei de Kossô.
            Na época de seu regresso o rei de Oyó era seu irmão mais velho Dadá Ajaká, reinando por sete anos em Oyó, enquanto o irmão vivia exilado em Igboho, após Xangô deixou Oyó e Dadá voltou para seu trono, gerando vingança contra todos que fossem parentes de Xangô, guerreando contra os Tapás.
            Xangô é considerado na África como um orixá viril, atrevido, violento e justiceiro, sendo atribuído a ele castiga os mentirosos, ladrões, assassinos ou a qualquer que ande fora da linha justa.
            Seu principal símbolo é o Edum Ará, uma pedra raio, encontrada no fundo da terra onde um raio caiu, esta pedra deve permanecer dentro de um pilão, sendo que estas pedras contem o Axé do próprio Xangô, motivo de serem tão respeitadas e poderosas.
            O símbolo de Xangô é o machado de duas Lâminas (oxê), machado que o Aláàfin de Oyó usava em suas guerras e lutas por poder. Leva em sua mão um xerê, cabaça alongada que contem dentro os Edum Ará, hoje seus filhos utilizam esta cabaça com grãos ou pedras, relembrando o som do trovão, do qual Xangô é dono e produz.
            Xangô foi marido de Oyá, Oxum e Obà, sendo que ele foi um cliente do ferreiro Ògún, mas Xangô sempre foi elegante, trançava os cabelos como o de uma mulher tinha argolas nas orelhas, usava colares de contas, braceletes muitos belos de cobre. Xangô era muito cruel nunca levava prisioneiros em suas batalhas, sempre dizimava todos que entrassem em seu caminho. Um dia Xangô cansado da monotonia da corte em Oyó, foi até Ire, falar com Ogum seu ferreiro, ogum vivia com Oyá, ficou lá observando o trabalho de Ogum na forja, enquanto arriscava alguns olhares para Oyá, ela se encantou pela beleza e vaidade do deus do trovão, e fugiu com ele para Oyó, onde o saudavam pelo dizer “Kabiyesilê Xangô, Aláàfin Oyó Alayeluwa”, que significa “viva sua majestade Xangô, dono do palácio de Oyó e senhor da terra”.
            Xangô é irmão de Dadá Ajaká e de Obaluaiyê, sendo Xangô o deus do trovão e das doenças contagiosas, onde se revela seu parentesco com o Obaluaiyê, motivo pelo qual na África antes se realizar qualquer cerimônia para Xangô primeiro realiza-se uma oferenda para Obaluaiyê na véspera, em respeito ao mais velho dos irmãos. Sua saudação na África é Káwóó Kábiyèsi, “venham ver o rei”.

            No fundamento Nagô Xalú temos culto a duas qualidades de Xangô, sendo o novo que é sobrinho de Agodô, sendo ele o Xangô Agandjú e temos o Xangô Agodô que é o Xangô velho sendo ele o terceiro e mais importante rei de Oyó, ainda temos um terceiro que alguns Babalorixás Xalús cultuam, enquanto outros descordam da crença, que é o Xangô Agandjú de Ibejis, mas abrangerei sobre eles no capitulo Ibejis.

Agandjú, Xangô Agandjú
O deus do vulcão e do barro matriz



"Esta explanação é sobre a visão de quem é o Orixá Agandjú, ou Xangô Aganjú como é chamado no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"

            Agora vamos entrar em um orixá de difícil compreensão e visões, pois na áfrica Agandjú esta longe de ser um Xangô, mas no Brasil ele é um Xangô, na áfrica Agandjú é mais velho que Xangô, mas também consegue ser mais novo, já no Brasil ele é um Xangô novo e também é um senhor do trovão.
            Como um orixá ele possui duas visões de entendimento sendo uma como humano outra como divindade.
            Agandjú é o orixá dos vulcões, da terra inculta, das cavernas e desertos, ele é um barqueiro divino, é uma divindade primordial, uma força que como o sol (o sol pertence a ele, e não há Oxalá como muitos dizem) é essencial para o crescimento, ele é um cultivador de civilizações, sendo ele o senhor do vulcão, que é a base sobre onde uma sociedade é construída. Agandjú esta associado à terra matriz, as montanhas e aos vulcões, sendo ele ainda da criação do mundo ele representa a terra firme, enquanto Olokun representa a água, ambos deram a luz ao filho Orungã que representa o ar.
            Este orixá em áfrica é considerado um defensor dos menos favorecidos, ele também fornece acesso ao reino do desconhecido, as profundezas de Olokun da qual o mundo fora criado, pois ele fornece acesso a todas as áreas que ainda não foram exploradas e estão inacessíveis ao homem, a ele recorrem os homens que necessitam entrar em áreas hostis como, por exemplo, deserto, cavernas, grutas, ártico, antártica, florestas fechadas, montanhas, grutas, minas entre outros locai de difícil acesso. Alias seu próprio nome significa isso Agan é “estéril” e djú é “deserto”, seria seu nome deserto estéril, ou simplificando algo inexplorável, desconhecido ao homem.
            Este orixá é o dono do pacto de harmonia, pois ele representa os raios solares, enquanto Olokun representa as águas salgadas e a deusa Oloxá representa as águas doces, dando assim o equilíbrio que mantém a terra de pé, assim como o equilíbrio da atmosfera do planeta.
            Mas vale saber que Agandjú encarnou na terra, sendo o terceiro orixá designado a vir a terra, porem ele veio sobre sua vontade como o 5° Aláàfin de Oyó, sendo ele filho de Dadá Ajaká com Yamassê, tendo ele também sido um grande desbravador que reinou em Ijexá com Oxum, ele teve em Oyó um reinado longo e prospero, onde domava animais selvagens, possuía um lindo leopardo de estimação no palácio,
            Ainda existem lendas que falam que Agandjú teria matado e comido a própria mãe quando encarnou na terra. Mas o que vale salientar aqui é que Agandjú é o deus do vulcão e das montanhas. Outro fato que muitos dizem ter Xangô Agodô e Agandjú encarnado na terra no ano de 1240 A.C., porem esta data remete a encarnação do sexto Aláàfin de Oyó, o sobrinho neto de Agodô.
            Logo Agandjú não é um Xangô, mas no Brasil ele foi incluso no culto de Xangô, com uma qualidade de Xangô novo, porem ele foi também o rei de Ijexá sendo ele o orixá que se casou com Oxum e se tornou rei.
            Ainda no Brasil, Agandjú é tido como um protetor dos lares, da harmonia conjugal, quando atua junto de Iemanjá sua legitima esposa, sendo ele filho mais novo de Oraniã. É considerado um orixá novo e muito agitado, sendo o guerreiro que lidera os exércitos de Ilorin, sendo ele destemido, energético e feiticeiro, seu ponto de atuação é a boca do vulcão, mas como não existem vulcões no Brasil a ele foram associadas às pedreiras onde recebe suas oferendas, é pó dono da balança e do equilíbrio do mundo, quem pesa o coração dos homens e descobre a verdadeira face por de trás da mascara, no Brasil por algum motivo o Alujá de Xangô foi associado a ele, motivo pelo qual foge ao nosso conhecimento perante a verdadeira áfrica, mas aqui ele é o dono do Alujá, dança em que muitos orixás dançam durante o batuque.

Agandjú reconhece Xangô como seu filho
Agandjú decide encarnar na terra
                Um dia Agandjú observava do Orún os acontecimentos na terra, e ele viu Xangô cair dentro de uma fogueira quando criança e não se queimar, isso chamou sua atenção, e desde então passou a observar de perto este homem que não se queimava.
            Um dia Agandjú foi observar o palácio onde prestavam culto a ele, e viu que Xangô dormia em sua esteira e comia suas oferendas, Agandjú revoltado fez uma grande fogueira e atirou Xangô dentro dela, este não sofria dano algum, neste momento Agandjú tomou Xangô e o levou até o mar onde pretendia afogá-lo, mas lá Conlá, uma qualidade de Iemanjá, saiu das águas e falou a Agandjú que ele trazia nos braços seu próprio filho para matar, Agandjú ficara encantado vendo seu filho neste momento assim apaixonou-se por Xangô, e o reconheceu como filho, decidindo que era chegadas à hora de passar novamente pela terra para ver como estavam às coisas mais de perto, e assim vinte anos após este ocorrido nasce Agandjú, filho de Dadá Ajaká.

Orixá Oyá-Yánsà
A senhora das tempestades

Oyá Iansã

Da África para o Brasil

"Esta explanação é sobre a visão de quem é a Orixá  Iansã ou Oyá como é chamada no Batuque do RS na própria África, sem as influências da cultura brasileira, católica, indígena no seu ritual"
            
Oyá na áfrica é uma divindade cultuada no rio Níger (para os Yorubás é Odò), seu culto vem da região de Oyó, onde é conhecida como a primeira esposa de Xangô, tendo se estendido por toda antiga Daomé. Mais claramente encontramos o culto a Oyá em três pontos da Nigéria, sobre o nome de Avessan em Akron, Abesan em Baningbê e Oyá em Oyó.
            Ela recebeu o nome de Oyá devido há uma lenda contada em Ipô, que estava ameaçada depois de ter sido invadida pelos guerreiros Tapas, o povo fez uma oferenda com as roupas do rei de Ipô, rasgando (Ya em Yorubá) fazendo almofadas com elas para enfeitar as oferendas, logo um rio (Odò) formou-se no local sem explicação alguma, dando nome ao rio de Odò Oyá, pois junto a está água surgiu Oyá que trazia este rio com seus ventos, expulsando os Tapas de Ipô.
            Oyá vivia com Ogum que era um ferreiro, andava sempre sujo e machucado, devido o trabalho diário como ferreiro. Como Xangô visitava seguidamente ogum, logo Oyá se apaixonou pelo jeito elegante, brilhante e bem arrumado de Xangô, fugindo com ele, ogum enfurecido resolveu perseguir e matar Xangô, Ogum foi ao Orún falar com Olodumaré, contou todo o ocorrido, que falou a Ogum que ele era mais velho e se queria manter sua dignidade diante todos os orixás deveria perdoar Xangô, e renunciar o amor de Oyá. Ogum não foi conivente com o pedido de Olodumaré, e saiu em busca dos dois para exterminá-los. Oyá para defender seu amado entrou em batalha com Ogum portando a vara mágica que esta em seus domínios, foi dividida em nove partes, dando origem ao seu nome Iánsàn “a mãe dos nove Orúns”, também sendo um titulo devido aos nove braços do rio Níger.
            Oyá não podia ter filhos, segundo todos ela deveria comer carne de cabra, mas preferia e só comia a de carneiro. Um dia ela foi consultar-se com um babalaô que a aconselhou fazer certas oferendas, entre elas estava incluso um pano vermelho, que deveria servir para vestir Egúngún, após isso feito Oyá tornou-se mãe de nove crianças ganhando o titulo de Iyá Omo Mésàn, dando origem também ao seu nome Iansã, que significa “mãe das nove crianças. Ela é a única orixá capas de enfrentar e de dominar os Egúngún, sendo ela a confeccionar as roupas deles.
            Na África ela é tida como a divindade dos ventos e tempestades, capaz de cuspir fogo pela boca, segundo os Yorubás Oyá foi a mando de Xangô, buscar um preparado na cidade de Baribas que permitia cuspir fogo pela boca, Oyá no caminho muito curiosa, experimentou este preparado e passou a cuspir também fogo pela boca para a tristeza de Xangô. Porem foi Oyá a única esposa de Xangô que fugiu com ele para Tapá quando seu reinado teve um triste fim, quando Xangô entrou para as entranhas da terra em Kossô voltando ao Orún e assumindo seu posto de Orixá, Oyá não suportou a perda e foi para a cidade de Irá, onde fez o mesmo que o marido. Por isso Oyá é infiel, mas quando encontra seu verdadeiro amor, ela o segue até o fim da vida.

            A mulher que vira búfalo.